25 de abr. de 2011

matéria sobre a be on Party


A cada dois meses, adolescentes de Niterói e de cidades vizinhas se reúnem numa festa com a cara da diversidade sexual. É a Be On Party, que está prestes a completar um ano e cuja última edição, sábado passado, reuniu mais de 600 pessoas numa casa de festas no Gragoatá. No evento, todas as orientações sexuais são bem-vindas: há meninas ficando com meninas, meninos com meninos, e meninos com meninas. A hostilidade é zero.

A casa tinha quatro seguranças circulando o tempo todo, e nenhuma confusão foi notada. As maiores preocupações dos organizadores são a possível entrada de drogas e a duração do baile: a festa termina, impreterivelmente, às 22h. Ou seja, garotada, nada de virar a noite por lá.

Só que, como um adolescente, a produção ainda precisa amadurecer mais. A classificação etária é 14 anos, mas nenhuma identificação é cobrada, e não há limite máximo de idade. A organização do evento prometeu ser mais rígida com a cobrança da documentação. 

Ali dentro, o comércio de bebidas alcoólicas era proibido. Mas, do lado de fora, em duas barracas à porta de entrada, os menores compravam livremente cerveja, vinho e vodca, apesar da ronda de viaturas da Polícia Militar.

Preconceito é barrado na porta

Passava das 16h quando as portas da BOX35, na Rua Coronel Tamarindo, no Gragoatá, abriram-se para a entrada dos garotos e garotas, que já estavam eufóricos na fila do lado de fora. Os nomes dos personagens menores de idade desta reportagem são fictícios.

Ao entrarem, os jovens se deparavam com a primeira pista de dança, em que o pop comandava. O segundo andar contava com uma área descoberta, para fumantes, além da segunda pista, destinada para funke tribal. Havia balas e pirulitos espalhados pelas mesas. 

Não demorou para o groove começar a girar. Animada, a galera dançava, cantava e fazia pegação ao som de hits de Rebelde, Britney Spears e Christina Aguilera, entre outros. Houve muitos gritos quando tocaram oshits E.T. Peacock, da americana Katy Perry.

— Curto o ambiente tranquilo. Minha mãe sabe que estou aqui. Ela só pede para eu não ficar com quem não devo — relata Luana, de 15 anos, que mora em Santa Rosa. 

Loura de cabelos longos e com um salto de dez centímetros, a menina chamava atenção de garotos e garotas ao lado da companheira Fernanda, também de 15.

— A Be On não é uma matinê gay, mas para o público jovem em geral. Se fosse gay, não entraria heterossexual e vice-versa. Aqui, não importa a orientação — frisa João Victor Santos, mais conhecido como Ivvyz, de 19 anos, criador, produtor e um dos oito DJs da festa.
Fonte: jornal o globo (globo.com)